Ideias inovadoras e linhas de estudo não faltam, mas, no maior evento científico da América Latina, a principal questão a ser debatida é a falta de recursos para a área. A partir de amanhã, Belo Horizonte será a capital da ciência e sediará a 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se estende até o próximo sábado.
Milhares de pesquisadores do Brasil e do exterior estarão reunidos no câmpus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para apresentar estudos que buscam a cura de doenças, o conhecimento da biodiversidade e da história, além de avanços tecnológicos. Em comum, todos eles tentam encontrar equação para resolver o problema dos cortes de verba que já afetam as pesquisas no país. Desde 2015, o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) caiu 30% e, do que sobrou, 44% estão contingenciados pelo governo federal.
Em 2015, o orçamento de custeio exclusivo para a área de ciência e tecnologia era de R$ 7,6 bilhões, além dos R$ 1,2 bilhão para o Ministério das Comunicações, num total de R$ 8,8 bilhões. Este ano, o montante passou para R$ 6,2 bilhões, sendo que esse recurso passou a ser dividido também com as Comunicações, com a unificação dos dois ministérios. Para piorar, o governo federal contingenciou 44% desse orçamento, ou seja, deixou disponível para o setor apenas R$ 3,4 bilhões – desse total, R$ 700 milhões são para comunicações.
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A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, afirma que os cortes progressivos no orçamento da área reduziram a verba a um terço do valor disponível em 2013. “O que temos é algo próximo a R$ 2 bilhões, um terço de 2013. É dramática a situação, com vários laboratórios fechados, pesquisadores mandando os estudantes embora, falta de insumo e dinheiro para comprar material. As bolsas de estudos não têm correção há séculos”, afirma.
Doutora em biologia molecular, Helena destaca que a falta de investimentos na área pode agravar a crise que o país atravessa. “A Índia, por exemplo, investe em ciência para sair da crise. Mas o Brasil optou pelo contrário, o que pode levar a uma crise maior. O Brasil não terá o que ofertar daqui a uns anos. A agricultura, a pecuária, o pré-sal, tudo isso é pura ciência”, alerta. Tradicionalmente, desde 1948, a reunião da SBPC é um espaço relevante para os avanços da ciência e tecnologia, além da discussão de políticas públicas para as áreas.
Mais informações no Portal Estado de Minas

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